Notas Técnicas do MCTIC e da Anatel foram desconsideradas pelos senadores que aprovaram projeto de lei
O Plenário do Senado aprovou na noite desta terça-feira (10) o
Projeto de Lei do Senado (PLS) 513/2017, que aumenta a potência de
transmissão para rádios comunitárias. A proposta estabelece aumento da
potência para até 150 watts, com altura irradiante não superior a 30
metros e possibilidade de acesso a dois canais específicos em nível
nacional para as emissoras em frequência modulada. A ABERT que é contra o projeto e
o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações emitiu
nota técnica rejeitando o projeto. A proposta segue para a Câmara dos
Deputados.
O relator da matéria, senador Otto Alencar (PSD-BA), disse que houve
acordo com as lideranças partidárias para aprovação do projeto.O texto
original do projeto previa que a potência das rádios comunitárias seria
aumentada de 25 para até 300 watts, com três canais designados, em vez
de um, para a execução de radiodifusão comunitária voltada a uma
comunidade, bairro ou vila.
O autor do projeto, senador Hélio José (Pros-DF), argumentou que o
aumento da potência é necessário devido à grande diversidade geográfica
do Brasil. Para ele, 25 watts são insuficientes para operação nas áreas
de população esparsa, particularmente na zona rural. A ideia é
viabilizar o serviço em regiões rurais, nas quais a cobertura de uma
única comunidade, com moradias dispersas, exige alcance maiorque o atualmente estabelecido. Segundo ele, a atual potência atinge
até um quilômetro de raio de cobertura, limitando e restringindo o
alcance da rádio, muitas vezes menor do que seu público potencial.
Caberá à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) é quem vai
estabelecer a potência para cada rádio comunitária para preservar a
característica da cobertura restrita do serviço.
Notas Técnicas do MCTIC e da Anatel não foram consideradas pelos senadores que aprovaram projeto de lei
O MCTIC divulgou uma nota técnica no final de junho onde
indicou os impedimentos do projeto de lei que foi aprovado pelos
senadores que vai aumentar a potência das radcom e disponibiliza mais
canais para o setor. Por meio de argumentos técnicos e jurídicos, o
ministério se colocou contra. A Anatel também foi contrária, porém os
dois órgãos do governo federal foram desconsiderados.
Segundo a nota do MCTIC, as alterações propostas partem de uma
compreensão equivocada do sistema brasileiro de radiodifusão,
principalmente com relação à convivência entre os sistemas público,
privado e estatal. Os projetos, de acordo com o ministério, ameaçam o
equilíbrio de distribuição de canais no espectro radioelétrico, que
garante o bom funcionamento das emissoras de rádio e televisão, sem
interferências indesejadas.
A Anatel, agência que fiscaliza e regulamenta a radiodifusão, também se manifestou contrária ao projeto de aumento de potência do serviço de radiodifusão comunitária através
de uma nota técnica emitida em março deste ano. Nela, a agência informa
que as distâncias dos sistemas irradiantes das comunitárias deverão ser
maiores para não causar interferências após o aumento de potência,
diminuindo assim o espaço no espectro para o serviço. Com o aumento, a
entidade afirma que "na atual configuração em que estão instalados (as
estações transmissoras comunitárias), as interferências serão a regra e
não a exceção".
Senadores comemoraram aprovação
A aprovação da matéria foi comemorada pela senadora Kátia Abreu
(PDT-TO). Segundo ela, os ajustes feitos na proposta não indicam a
interferência das rádios comunitárias na faixa de transmissão destinada a
rádios comerciais.
A aprovação do projeto também foi saudada pela senadora Ana Amélia
(PP-RS), pelos senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Lindbergh Farias
(PT-RJ), Waldemir Moka (MDB-MS), Paulo Rocha (PT-PA) e pelo líder do
governo no Congresso, senador Romero Jucá (MDB-RR). O senador Antônio
Carlos Valadares (PSB-SE) disse que o projeto atende a todas as rádios
comunitárias espalhadas pelo Brasil.
Por sua vez, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) afirmou que o
projeto favorece a democratização e a participação popular. Já o senador
Hélio José cumprimentou as lideranças políticas pelo apoio dado à
proposição.
Agora, os projetos seguirão para aprovação na Câmara dos Deputados.
Caso não tenha modificação, os projetos serão enviados para a sanção da
presidência da República e passará a ter vigência a partir de sua
publicação no Diário Oficial da União.
Com informações da Agência Senado